Parque da Mangabeiras

-Flame filadamãe!

Enquanto chego a beirada do Lago puxo Flame pelo pé para dentro do Lago enquanto eu saio, escuto Bugarski fazendo o convite e me animo.

-Só o tempo de me trocar!!!

*Caralho velho vou sair com a equipe principal*

*será que essas carpas são iguais as do parque municipal ? Se forem é melhor os dois nadarem rapido*
Bom, encontro vocês lá no bar

Gadget se direge aos alojamentos

Gadget chega ate Bugarski

o que acha de mais um duelo ? Aumento a aposta feita da outra vez para duas caixas de cerveja dessa vez

Um novo dia se abre, e lá estou eu, sozinho no parque. Carrego um livro de George Orwell, embora já o conheça, quero aprimorar meus conhecimentos sobre utopias negativas e quiçá, melhorar suas condições para implantar com o mutantismo. Com uma garrafa de whiskey eu começo minha leitura.

- Qual é o motivo de tamanho fascino por ele? Se é que posso perguntar. - Digo em um volume baixo, quase como se tivesse uma esperança escondida para que essa fala não chegasse em seus ouvidos.
Ainda estava em pé, prestes a jogar um pequeno papel amassado em direção á lixeira.

Uma voz fraca chega a meus ouvidos, mas é fácil de distinguir. Olho para o lado e vejo se tratar de Suporte. Com muito prazer e bastante susto eu o respondo com firme interesse:

-Grande John! Uma boa indagação! Confesso surpresa pela pergunta, mesmo que tímida. Fácil de responder amigo: Orwell foi um autor peculiar, junto a Jack London, os únicos a realmente viver suas obras, terem uma pegada autobiográfica dentro de suas ficções. E porque escolher 1984? Aprendizado meu caro, único e exclusivo. Nesta utopia negativa, achar a possibilidade de mudar, de dar falência a um sistema intransponível. Mas me diga, me diga o que pensa desta obra meu amigo. Estou mesmo afim de uma boa discussão que fuja das frivolidades de meu alcolismo. Aceita um whiskey e um papo?

- Utopia. - Repito a palavra, quase como um eco inexistente para meu ouvidos. Em seguida desvio o olhar, discretamente pensativo.
- Li sobre as sua ideias. Porém, algo me chama atenção. Você escolheu exatamente esse ano por causa da Utopia negativa. Eu arrisco dizer que você tem fascino por essas ideias e mais além, pretende criar uma. - Digo, um pouco sem saber se isso foi a coisa certa a dizer, se foi grosseira e claramente, fraca.

Fecho meu livro por uns instantes e digo a Suporte:

-Sua análise é bem feita, mas não exatamente correta. Escolhi este livro como já escolhi Revolução dos Bichos antes. Após 84 vou finalizar a análise completa de Admirável Mundo Novo. A idéia não é criar minha utopia. É perceber que temos chances de entrar em utopias negativas, como foi o futuro descrito por Gadget. É uma defesa meu amigo. Com Revolução dos Bichos temos o aspecto da humanidade de suprimir qualquer direito ao diferente, perverter suas vontades em prol de uma sociedade. Uma crítica poderosa ao comunismo. Neste aqui os sistemas já se encontram e tornam o estado inacessível, sem liberdade de pensamento ou ação. Há muito mais o que falar sobre eles. dou mais um gole em meu whisky -Mas uso-os como objeto de estudo em duas frentes: primeiro, como não criar um sistema em que não haja liberdade de conhecimento e, em segundo plano, achar uma forma de corromper este sistema, caso ele um dia predomine. Como mutantes amigo Suporte, temos que estar constantemente ligados com esta hipotese. Se hoje somos heróis, amanhã podemos nos tornar a caça do dia

Gadget chega e começa a falar interrompendo o assunto com Suporte, embora dentro do assunto. Espero que isto não assuste Suporte pois o papo estava ficando interessante. Digo a Peter sem excluir Suporte:

-Confesso não ter uma apreciação muito grande por máquinas. Sou demasiado mutante para me interessar por algo que não seja carnal. Entendo também a importância delas para nós, em dias como o que vivemos. Mas de uma forma bem branda aceitaria a intervenção delas. Um mundo onde máquinas sejam tão suficientes seria um mundo a ser combatido por mim, um mundo onde há a dignidade de coexistir com falhas e defeitos não substituíveis. Não me entendam mal, acho brilhante a biomecânica, mas não viveria em paz num mundo onde se há reversão para tudo. É absolutamente necessária a impossibilidade, a falta, a dor. Só se pode ser pleno com estas variáveis.

Não estou acostumado a falar muito e tão pouco participar de uma conversa, não é de minha natureza. Decido parar um pouco e assim, refletir sobre as palavras que estão ganhando vida. Ainda, que eu me encontre é pé, parece que estou longe de sair rapidamente desse local. Minha cabeça está baixa, contemplando o solo em meio a pensamentos.
Finalmente, uma voz ecoa sobre minha boca, em um tom complicado de se ouvir porém, não impossível.
- Os humanos estão em constante evolução, ou seja, transformação ou se preferir,mudança. O conceito de ser humano mudará perante o tempo, assim como muitos outros mudaram ao passar dos séculos. A tecnologia faria então parte desse processo, mudaria o que conhecemos. A falha,a dor, a impossibilidade e talvez, o fim poderão está sujeitos a transformação... O que define um ser humano? A falha não seria somente resultado assim como a dor? Muitos animais tem essa mesma resultante.  
Me calo, como se estivesse pegando ar depois de uma longa fala, um tipo que sinceramente raramente via a luz.
- Em si ainda seriamos capaz de consciência,de pensar e refletir. Sem limitações físicas, poderíamos fazer muito mais, poderíamos crescer como espécie no quesito intelectual. Porém, nesse caminho, devemos pensar sobre se a humanidade estaria moralmente pronta ou se, veremos um Matrix com rebelião das maquinas em tempo real.    
Com isso, volto a meu silêncio habitual.

Ver Suporte assim é gratificante. Embora ele demonstra ser tímido, sua articulação com as palavras é boa e ele já se socializa com menor dificuldade. Respondo-o com um sorriso:

-Os humanos já evoluíram e hoje, tudo que é "humano", é de uma classe inferior, menos preparada. Esta evolução que dizem já foi sublimada pela real! E qual é a real? Uma revolução de máquinas como nos filmes? Tolice! Somos Nós meus amigos, o próximo passo. A tecnologia é uma aliada que avança, mas nós somos a evolução, a mudança, o aperfeiçoamento. Essa teoria tecnológica e maquinária da qual dizem não passa de uma hipotética realidade de nossos ancestrais. A dificuldade que encontramos é que convivemos com nossos ancestrais, defendemos eles.

Bebo grandes goles do whisky e prossigo:

-Defendê-los de uma provável aniquilação é o que os Canforas e Suprema querem. mas nos moldes sistemáticos que temos hoje, vamos perecer ou eles. A união é uma farsa momentanea, daí meus estudos. Desenvolver a alternativa menos arbitrária para que sobrevivamos E, tenho certeza, tecnológicamente, ainda está fora de questão. Precisamos de mutantes capacitados pra isto, não máquinas e melhorias físicas.

- A carne é visivelmente a única coisa que o separaria de um mutante qualquer. Elas podem talvez, desenvolver o que chamamos de consciência, poderes seriam facilmente colocados assim como uma pele sintética. Então, você poderia dizer a diferença entre um mutante e uma maquina dona de consciência? - A fala sai, baixa, porém escapa. Ela é uma fugitiva que não devia existir. Desvio meu olhar, obviamente arrependido por essas palavras em um momento errado.
- Então você se colocou como uma raça superior. O que vai fazer com a digamos, antiga espécie? Colocar eles como servos, protegê - lós como um herói, um deus ou somente ser um novo Fim?
As palavras enquanto baixas, mostram um claro tom desafiador, algo que certamente eu não queria mostrar. Afinal, ele merecia respeito e não, grosseria.
- Eu não tive atenção de desrespeitar sua pessoa. Espero que isso não seja visto como negativo... Sinto muito. - A fala sai muito mais fraca que o normal, pior até mesmo que o habitual.

Suporte indaga de uma forma muito comum a mim Este assunto de fato muito me interessa e digo, desta vez sem beber:

-Não foi desrespeitoso. Foi uma indagação justa hahahaha. Não é a primeira pessoa que me indaga de tal. Phobus já o fez, o próprio Fim, Suprema... Não me coloco numa posição de superior. Nós SOMOS superiores,se houvesse um deus seríamos os mais próximos deles. Uns mais, outros menos, mas ainda sim seríamos nós, os mutantes, estes seres superiores.

Pauso para processar as informações sem influência alcólica.

-A carne é a necessidade. Ninguém nunca vai conseguir fazer esta máquina que diz John. É absolutamente impossível que isto aconteça. As variáveis que possuímos não serão jamais reproduzidas com perfeição. O que você chama de consciência em uma máquina seria um mero trabalho de um projetista com variáveis estabelecidas, nunca impulsionadas pelo inesperado.

-Sobre os nossos ancestrais amigo Mycroft, difícil dar um diagnóstico. Ainda estudo o que eles significam pra mim. Não tenho a intenção de torná-los escravos ou eliminá-los. Quando ainda havia as equipes divididas e você era um membro Ferox conhecemos uma aldeia a qual ajudamos. Temos lá a primeira relação humano e mutante bem estabelecida dentro dos moldes da utopia que você disse. Gostaria de conhecer o local Suporte?

Blood que havia chegado algum tempo, mas preferiu manter um pouco longe da conversa, mas visando agora um certo interesse pelos comentario chega a mesa e diz

Bom dia pessoal, posso participar da conversa do senhores?

Blood puxa a cadeira e senta e observa a fala de todos...

Kyah chega ao parque mangabeiras, e com um livro fica em uma sobra de arvore olhando para o céu e observando o livro, como se buscasse entender algo.

Sabe gosto de conversar com vocês, diferente de todos os outros são visionários assim como eu

Gadget vê Blood se aproximando e a garota que senta embaixo da arvore

fique a vontade Blood, Jones, aquela garota embaixo da arvore é da equipe dois certo ?

Gadget vai ate a garota

Pelos meus dados você é nova aqui, prazer Peter Heinz ou Gadget é um prazer conhece-la, a proposito do que se trata este seu livro ?

Eita!

Claro,você parece bastante inteligente,não vejo empecilho algum.Talvez você possa me ensinar algo também

- Se não for pedir muito, aceitaria o convite. Mas, você disse que um dia podemos ser a caça e nesse caso, até aonde você iria para manter a espécie? É muito possível que em um momento, os humanos se sintam ameaçados novamente por um simples raciocínio: A evolução de uma espécie, se considerar que você disse que somos superiores, cedo ou tarde causaria extinção da antiga. O medo é um um fator que pode mover pessoas, pelo bem ou não.  - Digo fracamente, similar a um sussurro levemente mais alto.
Após essa fala, olho meu redor e ao perceber que existem mais pessoas do que antes, faz meu corpo se retrair em distância cada vez mais.
* Eu diria que as pessoas estão começando a aparecer e se continuar nesse nível, uma pequena massa pode nascer.*

Percebendo a chegada de mais gente tento falar no mesmo tom de Suporte.

-Deixemos Gadget com a novata, parecem ter se dado bem. Por favor Blood, sente-se.

Volto para Suporte e por Deus! John é muito letrado!! Inteligente e bom dialogador. Volto-me completamente ao assunto com ele:

-Eu iria até o fim John. Defenderia a classe a qual pertenço, a minha espécie sem medo de nada. Morreria para nos salvar quando a coexistência se mostrar ineficiente. Acredito piamente que somos o que há de definitivo hoje. Não entenda que irei lutar contra a humanidade agora. Acredito hoje na coexistência que Suprema e meu pai tanto pregam.

-O medo é absolutamente necessário! Faz-nos ser tudo! Combinemos uma visita na vila, acredito que vai gostar do que verá.

Me viro apontando para a direção da diretoria:

-Mas agora temos um problema muito menor em importãncia evolutiva, mas primordial para nosso tempo. Analise comigo Suporte e Blood, é a primeira e única que direi isso. Acreditam mesmo que Fim está morto dentro do Senhor Supremo?

Após ouvir mais palavras, um novo caminho parece ser colocado para o debate. Algo muito mais atualmente e ao meu ver, uma ameaça em potencial. Minha face se torna mais rígida e séria enquanto minha mente processa as informações que tenho sobre meu domínio.
Meus olhos varrem rapidamente o cenário que estamos, como se fosse para confiar que ninguém mais pudesse ouvir.
- Quanto o mais próximo a pessoa é de alguém,mais difícil se torna analisa - lá friamente. Todos dizem e acreditam que Fim esteja realmente excluído. Porém, não podemos negar que a maioria de nossos mestres e superiores mais importantes devem ter um nível de ligação com ele. Isso pode machucar o julgamento, pode trocar a realidade real pela realidade desejada. Eles querem aceitar que seja isso. É natural. Mas, eu acho, embora não possa provar, que a mente do Senhor Supremo é mais focada, determinada e portanto não cairia com facilidade.   - Falo, em um volume mais baixo que o normal.
Para um segundo, como se estivesse vendo a reação deles antes de finalmente continuar:
- Considerando a situação de todos na época,era muito mais aceitável somente ter bloqueado por tempo indetermina ou mesmo, criado uma espécie de dubla personalidade. Em tudo, para ser mais exato precisaria compreender melhor as sutilezas do ocorrido e até lá, é somente teórico.   - Digo, novamente mais baixo que o comum.